Por Fala T&D, direto da ATD 2025 | Washington, EUA
Em meio à efervescência de ideias, tendências e tecnologias que marcam a ATD 2025, um espaço silencioso chama a atenção dos participantes mais atentos: uma sala de oração e meditação, disponível ao longo dos três dias de evento.
Discreta, quase escondida entre os estandes de inovação e as salas de workshop lotadas. A sala é um contraponto simbólico ao ritmo acelerado do evento. Ou seja, um lembrete de que o desenvolvimento humano também nasce nos intervalos, nas pausas e nos reencontros com o silêncio interior.
Não importa qual seja a crença, a religião ou a filosofia: espiritualidade, neste contexto, é o que nos reconecta com aquilo que dá sentido ao que fazemos.
É o chão invisível que sustenta o caminhar. Em um mundo corporativo muitas vezes acelerado e orientado por métricas, esse retorno ao essencial pode ser um ato de coragem – e uma fonte inesgotável de renovação. A ciência já começa a acompanhar o que práticas ancestrais sempre souberam.
O poder da meditação
No livro A ciência da meditação: como transformar o cérebro, a mente e o corpo, Daniel Goleman e Richard Davidson apresentam evidências sobre como a meditação altera estruturas cerebrais, reduz o estresse e melhora a atenção.
Outro livro de Goleman, A arte da meditação, mostra, de forma didática, como a prática pode ser incorporada no dia a dia para fortalecer a concentração e o equilíbrio emocional – habilidades cada vez mais valorizadas em qualquer liderança.
Falar de espiritualidade na aprendizagem é reconhecer que o desenvolvimento não é apenas técnico, mas também existencial.
Um bom plano de carreira, uma cultura organizacional inovadora ou um treinamento bem desenhado não fazem sentido se não estiverem conectados a valores, propósito e bem-estar integral.
É como construir uma ponte sem pensar no rio: a estrutura pode até se sustentar por um tempo, mas cedo ou tarde encontrará o vazio.
A busca por sentido
Essa busca por sentido foi profundamente explorada por Viktor Frankl, psiquiatra austríaco e sobrevivente do Holocausto, em seu livro Em busca de sentido. Para Frankl, a principal motivação do ser humano não é o prazer ou o poder, mas a descoberta de um propósito que torne a vida significativa.
Ele afirma: “Quem tem um porquê enfrenta qualquer como”. Uma ideia poderosa, especialmente quando pensamos no papel do T&D em tempos de mudanças constantes, incertezas e fadiga emocional.
Portanto, diversas empresas ao redor do mundo têm integrado práticas contemplativas em seus programas de desenvolvimento. Gigantes como Google, LinkedIn e SAP oferecem sessões regulares de mindfulness para seus colaboradores.
E a espiritualidade na aprendizagem no Brasil?
No Brasil, iniciativas semelhantes começam a ganhar força em organizações que entendem a importância da performance sustentável. Ela depende, antes de tudo, de pessoas inteiras, centradas e conectadas ao que realmente importa.
A presença da sala de meditação na ATD 2025 é, portanto, mais do que simbólica – é um lembrete silencioso de que o futuro do trabalho também se constrói no silêncio.
Um convite para que profissionais de T&D incluam espaços de pausa, autoconsciência e escuta profunda em suas estratégias de aprendizagem.
Ou seja, ela é quase um sussurro no meio do ruído corporativo. Ela nos lembra que, por trás de qualquer transformação organizacional, existe uma pessoa em busca de sentido.
Portanto, liderar é mais do que entregar resultados – é também cultivar presença. Que aprender é mais do que acumular conhecimento – é também saber desapegar, desaprender e mergulhar no desconhecido.
Porque, no fim das contas, o desenvolvimento humano não acontece só quando falamos. Às vezes, ele começa justamente quando silenciamos.
Confira os episódios gravados do Fala T&D