Brasil no mapa global de T&D: contrastes, desafios e potências em evolução

A delegação brasileira está entre as 10 maiores da ATD 2025, mostrando o compromisso dos profissionais com a vanguarda.

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Por Fala T&D, direto da ATD 2025 | Washington, EUA 


Em meio ao ritmo vibrante da ATD 2025, uma coisa fica evidente: o mundo está avançando – e rápido – nas práticas de desenvolvimento humano e organizacional. O evento, considerado o maior do planeta na área de T&D, reúne profissionais de dezenas de países para discutir tendências, compartilhar experiências e desenhar futuros possíveis para a aprendizagem nas organizações.

“A delegação brasileira está entre as 10 maiores no evento – ATD 2025 – que reúne 80 países e mais de 8 mil pessoas”, explica Igor Cozzo, organizador da delegação e CEO da ABTD – Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento. 

Entre painéis, workshops e conversas de corredor, temas como inteligência artificial, aprendizagem personalizada, liderança inclusiva e diversidade como motor de inovação ganham espaço e profundidade.

Mas, para quem vem do Brasil, essas discussões despertam um questionamento inevitável: onde estamos nós nesse movimento? Estamos acompanhando a evolução global ou ainda tropeçamos em desafios estruturais? 

Avanços importantes, mas desiguais 

É inegável que o Brasil tem caminhado. Algumas empresas têm investido com consistência na construção de culturas de aprendizagem, adotando plataformas digitais, promovendo trilhas de desenvolvimento personalizadas, integrando aprendizagem com estratégia e explorando metodologias de aprendizagem ativa. Ambientes corporativos estão, aos poucos, entendendo que o aprendizado não é um evento pontual, mas um processo contínuo e conectado ao negócio. 

No entanto, esse avanço ainda é desigual – e o recorte geográfico deixa isso evidente. As práticas mais inovadoras e estruturadas de T&D tendem a se concentrar em grandes organizações localizadas nos centros urbanos do Sudeste, especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

É nessas regiões que estão os maiores investimentos, as consultorias especializadas, os eventos do setor e a proximidade com hubs de tecnologia e inovação. 

Por outro lado, quando olhamos para outras regiões do Brasil, como o Norte, o Nordeste e parte do Centro-Oeste, percebemos um cenário bem distinto. Muitas pequenas e médias empresas ainda operam com estruturas enxutas e recursos limitados, o que faz com que ações de T&D sejam pontuais, reativas e, muitas vezes, desconectadas da estratégia organizacional.

Além disso, o setor público em várias localidades ainda carece de políticas consistentes de desenvolvimento de pessoas, com iniciativas esporádicas e dependentes de gestão. 

Essa desigualdade geográfica não é apenas reflexo de economia — é também um indicativo de onde circula o conhecimento, de como se formam redes de aprendizagem e de quem tem acesso às ferramentas de transformação. Reconhecer esse mapa é essencial para pensar em estratégias que realmente ampliem o alcance do desenvolvimento humano no país. Temos bolsões de inovação, sim -—

mas cercados por uma paisagem que ainda precisa de conexão. 

Elis Soares e Nicolas Domingos, líderes da Bravend, acompanham a delegação brasileira na ATD 25
Elis Soares e Nicolas Domingos, líderes da Bravend, acompanham a delegação brasileira na ATD 25

Tecnologia com propósito: ainda aprendendo a usar 

A ATD 2025 mostra que o uso de tecnologia no aprendizado não é mais tendência – é realidade. Análise de dados, experiências imersivas e plataformas adaptativas estão sendo utilizadas para potencializar o desenvolvimento humano, personalizar trilhas e ampliar o alcance da aprendizagem. “Dos 300 expositores na ATD25, 17 já são provedores de inteligência artificial”, reforça Igor. 

No Brasil, o problema ocorre pela falta de integração entre tecnologia e segurança, o que faz muitas soluções ficarem suspensas. “Há o desejo, a necessidade e a curiosidade dos profissionais e das empresas para usarem a tecnologia como meios de entrega, porém poucas realmente colocam intencionalidade pedagógica para um real redesenho das experiências”, analisa. 

Além disso, faltam profissionais capacitados para mediar a aprendizagem com essas novas ferramentas, pensando mais em profundidade dos temas, curadoria e design de experiências do que apenas em produção de conteúdo. A boa notícia é que temos um terreno fértil para aprender, adaptar e criar soluções originais, mais conectadas ao nosso contexto. “Nossa delegação brasileira está muito comprometida em e virar esse jogo e estar na vanguarda, assim como já fazemos com a parte de narrativa e design em treinamentos”, rebate Igor. 

Diversidade, equidade e inclusão: entre discurso e prática 

Outro tema forte na ATD é a diversidade — não como uma pauta isolada, mas como um princípio transversal que atravessa a liderança, os conteúdos, as metodologias e os espaços de aprendizagem. 

No Brasil, o discurso da diversidade ganhou força nos últimos anos, impulsionado por movimentos sociais e pela pressão da sociedade civil. No entanto, ainda existe um longo caminho entre falar sobre diversidade e incorporá-la de forma concreta nas práticas de T&D. Em muitos casos, ela aparece como um módulo à parte, e não como uma lente pela qual todo o processo de aprendizagem é repensado. 

Transformar diversidade em prática exige mais do que boa vontade: exige escuta ativa, intencionalidade, revisão de vieses, formação de lideranças inclusivas e modelos de aprendizagem que respeitem a pluralidade dos sujeitos. 

Lideranças em transição 

Carlos Cruz, CEO da Bravend e Marcel Molina, líder de treinadores, acompanham a delegação Brasileira na ATD 25
Carlos Cruz, CEO da Bravend e Marcel Molina, líder de treinadores, acompanham a delegação Brasileira na ATD 25

A liderança é outro eixo que atravessa toda a programação da ATD 2025. Mas não se fala mais, como no passado, em líderes heroicos, técnicos ou autoritários. O que está em pauta é a figura do líder como facilitador, aquele que escuta, conecta, serve e cria espaços seguros de desenvolvimento coletivo. 

Essa mudança já é percebida no Brasil – muitas organizações reconhecem a necessidade de transformar o perfil de suas lideranças. No entanto, ainda há uma lacuna entre o discurso e a formação efetiva desses líderes. Muitos programas continuam focados em desempenho técnico e gestão de tarefas, com pouco espaço para o desenvolvimento de competências humanas e relacionais. 

Se quisermos acompanhar a transformação, será necessário revisar os nossos modelos de formação de liderança – apostando mais em escuta, vulnerabilidade, pensamento sistêmico e ética. 

E as soft skills? 

Em Washington, fica claro que as chamadas soft skills não são mais “acessórias”. Coragem, empatia, inteligência emocional, adaptabilidade e criatividade são vistas como habilidades centrais para navegar num mundo incerto, ambíguo e em constante mudança. 

No Brasil, embora o tema esteja na pauta, ainda esbarramos em dificuldades para medir impacto, convencer lideranças de sua relevância e criar programas que desenvolvam essas habilidades de forma consistente. Ainda há quem veja soft skills como “intangíveis demais” para virar prioridade. 

Mas a verdade é que, em um mundo em transformação, desenvolver pessoas vai muito além de ensinar processos – é cultivar competências humanas profundas que sustentam a inovação, a colaboração e o bem-estar. 

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O que o Brasil pode ensinar? 

Apesar dos desafios, há algo precioso que levamos ao mundo: nossa capacidade de criar com poucos recursos, de improvisar com qualidade, de valorizar o coletivo e colocar o humano no centro das soluções. 

Temos tradição em metodologias colaborativas, sensibilidade para temas sociais, capacidade de adaptação e criatividade para resolver problemas complexos com simplicidade. Esses são ativos poderosos, que podem e devem ganhar protagonismo no cenário global de T&D. 

A ATD 2025 não é apenas um evento. É um espelho, um termômetro e, sobretudo, um convite. Um convite para que olhemos com mais seriedade para o papel estratégico da aprendizagem nas organizações, para que sejamos mais ousados nas soluções e mais humanos nos processos.  

O Brasil tem muito a aprender, sim – mas também muito a contribuir. Nosso desafio é ampliar o acesso ao desenvolvimento, integrar inovação com sensibilidade e transformar T&D em uma força propulsora de transformação social e organizacional. Porque o futuro da aprendizagem – como o da liderança – não se improvisa. Ele se constrói, todos os dias, com intenção, coragem e conexão. 

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