Por Fala T&D, direto da ATD 2025 | Washington, EUA – Por Marcel Molina e Igor Cozzo, presidente da ABTD. 

Na era do aprendizado contínuo, uma nova pergunta ganha força nos bastidores da ATD 2025: será que precisamos parar para aprender – ou o trabalho do dia a dia já é, por si só, uma sala de aula? É possível aprender enquanto trabalha?

Essa provocação norteou a sessão “Going Deeper: From On to IN-the-Job Learning”, conduzida por Debbie Cotton (Cotton & Company) e Julie Winkle-Giulioni (DesignArounds). Ao invés de mais tarefas ou treinamentos formais, a proposta é simples e transformadora: aprender dentro do trabalho, com intenção, reflexão e prática deliberada. 

Da execução à experimentação: os quatro pilares do aprendizado no trabalho 

1. Purposeful Practice: prática com propósito 

Mais do que repetir uma tarefa, aprender exige intenção. A prática deliberada se baseia em metas claras, foco no processo e feedback constante.

Aliás, “estamos tão focados em terminar as atividades que esquecemos do que podemos aprender com elas”, alertou Debbie. Portanto, praticar, nesse contexto, vira um exercício consciente de crescimento. 

2. Pull Coaching: o poder das perguntas 

Em vez de apontar soluções, líderes podem provocar descobertas. O Pull Coaching usa perguntas poderosas para estimular autonomia e reflexão. Como disse uma das facilitadoras: “O líder não dá as respostas, mas ajuda a construir o caminho”.

3. Meet to Learn: reuniões como momentos formativos 

Reuniões podem ser muito mais do que checkpoints operacionais. Mas, no conceito de Meet to Learn, cada encontro se torna uma oportunidade de troca, aprendizado e alinhamento de propósito. É sobre transformar tempo juntos em espaço de desenvolvimento. 

4. Deliberate Demonstration: modelagem intencional 

Liderança se ensina pelo exemplo. Então, com a prática da demonstração deliberada, o líder realiza uma ação e convida o time à análise: “O que vocês me viram fazer? O que acharam que era minha intenção? O que aprenderam com isso?” – uma masterclass em tempo real, com impacto direto na cultura de aprendizagem. 

Feedback que forma – não só corrige 

Um dos destaques da sessão foi a mudança no uso do feedback. Em vez de esperar correções, a proposta é solicitar observações com clareza:

“Pode me dizer se fui claro na reunião?” ou “Quero melhorar minha escuta ativa. Pode observar isso na próxima conversa?”.

Sendo assim, é o feedback como ferramenta de evolução, e não apenas de ajuste. 

Confira os episódios especiais do Fala T&D gravados em Washington

E a IA, onde entra? 

Além disso, Julie e Debbie destacaram o papel da inteligência artificial como mentora invisível. Ferramentas como o ChatGPT permitem simular cenários, revisar textos, testar abordagens e pedir feedback imediato – tornando-se aliados poderosos no dia a dia de quem quer aprender enquanto faz. 

E no Brasil? Uma abordagem acessível e urgente 

Para o contexto brasileiro, onde tempo e recursos para T&D ainda são limitados, o in-the-job learning oferece uma estratégia democratizadora. Aprender se torna viável para todos os níveis, sem depender de grandes investimentos. 

Por fim, mais do que uma tendência, essa é uma mudança de mentalidade: o aprendizado deixa de ser um destino e passa a ser o próprio caminho.