Por Fala T&D, direto da ATD 2025 | Washington, EUA
“É quando paramos de focar que outras partes do cérebro entram em ação”.
Com essa frase, Britt Andreatta, autora e especialista em neurociência aplicada ao aprendizado, provocou a plateia da ATD 2025 ao falar sobre o papel da criatividade no processo de inovação. Aliás, em uma palestra que misturou ciência, estratégia e provocação, ela mostrou como a inovação nasce – ou morre – dentro da cabeça e da cultura das organizações.
Andreatta explicou que os momentos de insight – aqueles “cliques mentais” que parecem vir do nada – podem, sim, ser cultivados. Ou seja, “fechar os olhos ajuda. Sair para caminhar também. Tomar banho é o exemplo mais universal. A ideia não vem quando você está forçando, mas quando você relaxa”, disse a especialista.
A ciência comprova. Segundo estudos citados por Britt, há um “piscar de olhos cerebral” antes do insight: uma rápida desconexão do foco consciente que permite ao cérebro reorganizar informações e chegar à solução. Então, “é como se a visão saísse do ar por um segundo para dar espaço ao saber emergir”, disse.
O problema real: falta de criatividade, não de inovação
Para a especialista, a raiz da falta de inovação não está na ausência de tecnologia, orçamento ou estratégia. Portanto, está na escassez de criatividade!
Sendo assim, “criatividade é gastar dinheiro para gerar ideias; inovação é ganhar dinheiro com essas ideias”, provocou. Além disso, ela defende a ampliação de perspectivas e o uso de diferentes tipos de inteligência (como proposto por Howard Gardner) para fomentar soluções criativas.
Da neurociência à prática: como destravar a inovação
Além disso, Britt apresentou caminhos objetivos para impulsionar a criatividade nos times:
- Diversificar fontes de informação
- Estimular jogos cognitivos
- Criar ambientes amplos, com acesso à natureza
- Usar ferramentas como SCAMPER para pensar diferente
Por fim, ela também destacou os quatro tipos de criatividade (cognitiva deliberada, cognitiva espontânea, emocional deliberada e emocional espontânea) e como cada uma contribui com insights valiosos – inclusive aqueles que mudam o rumo de um projeto ou negócio.
O que mais aprendemos com Britt Andreatta na ATD 2025:
- Empresas falham porque não inovam: mais de 50% das empresas Fortune 500 desapareceram desde 2000 por não acompanharem as transformações digitais.
- Três tipos de inovação: produto, processo e modelo de negócio – todos fundamentais.
- Inovação depende de cultura e liderança: “Sua organização vai inovar até onde você apoiar”.
- Inovação incremental vs. disruptiva: 78% das empresas focam em melhorias contínuas; é preciso equilibrar com iniciativas mais ousadas.
- Barreiras à inovação: cultura fraca, medo de errar, pouca segurança psicológica, líderes despreparados.
- Cultura x Clima: cultura é prática incorporada; clima são ações e ferramentas. Uma sustenta a outra.
- A neurociência como aliada: “Todos temos experiências com estresse, bloqueios e insights. Isso conecta a ciência com a realidade do trabalho”.
Provocação final:
Sua organização está realmente criando espaço para a criatividade florescer? Ou está sufocando ideias com processos, medo e pressão?