O perfil vendedor que mais fecha negócios é o Challenger Sale, especialmente em vendas complexas.
De acordo com a pesquisa apresentada no livro The Challenger Sale e reforçada por Robson Peres, especialista em vendas da Bravend, o vendedor desafiador pode vender, em média, 60% a mais em vendas menos complexas e até 200% a mais em vendas complexas, quando comparado a outros perfis.
Por outro lado, a grande surpresa é que o construtor de relacionamento, aquele vendedor focado em ser “gente boa”, manter bons laços e evitar tensão, aparece justamente como o perfil que menos performa em vendas complexas.
Assim, surge uma pergunta fundamental para líderes de vendas e T&D: O que exatamente faz do vendedor desafiador um campeão de performance? E, principalmente, como desenvolver esse perfil na prática?
O que é o Challenger Sale (Vendedor Desafiador)?
Antes de mais nada, vale partir da definição.
O vendedor desafiador é aquele que mostra ao cliente uma visão diferente do próprio negócio. Ele não vai para a reunião apenas para “descobrir necessidade”; em vez disso, ele ensina, personaliza e assume o controle da venda.
Peres organiza essa lógica em três frentes principais:
1. Ensina o cliente algo novo: Em primeiro lugar, o desafiador sempre chega trazendo insights. Ele apresenta tendências do segmento, riscos que estão despontando e oportunidades que o cliente ainda não percebeu. Dessa forma, ele ganha credibilidade logo no início da conversa.
2. Personaliza profundamente a mensagem
Além disso, ele adapta sua comunicação a três níveis:
- segmento: o que está acontecendo no setor do cliente;
- empresa: quais desafios aparecem com mais força naquele negócio específico;
- interlocutor: como tudo isso impacta a carreira e os objetivos da pessoa que está na mesa.
3. Assume o controle da venda: Por fim, o vendedor desafiador assume o controle do processo desde o começo. Ele conduz as etapas, define próximos passos e usa o que o Robson chama de “solicitação enérgica” para negociar de forma firme, porém profissional.
Em resumo, o vendedor desafiador não é só alguém que vende um produto. Ele é percebido como um especialista no negócio do cliente.
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Por que o vendedor desafiador vende mais (e o construtor de relacionamento fica para trás)?

A pesquisa apresentada em The Challenger Sale mostra que, em vendas complexas, a diferença de resultado entre os perfis é muito grande. Nessa análise:
- o vendedor desafiador concentra a maior parte dos top performers;
- o construtor de relacionamento aparece como o perfil que menos gera resultados em vendas complexas;
- e a diferença de performance pode chegar a 200% a mais para o desafiador.
Isso não quer dizer que relacionamento não importa. Pelo contrário: ele é essencial. No entanto, quando o relacionamento é o único foco, o vendedor tende a:
- evitar conversas difíceis;
- recuar em momentos de tensão;
- não pressionar o cliente quando necessário;
- falar pouco de riscos e consequências.
O resultado é bastante comum: o cliente gosta muito do vendedor, mas compra do concorrente.
Portanto, o recado é claro: relacionamento é a base, mas desafiar o cliente é o que gera resultado nas vendas complexas.
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Como aplicar a postura desafiadora na prática em 5 passos
Agora que o conceito está claro, a pergunta é: como levar a venda desafiadora para o dia a dia da equipe?
Com base na fala do Robson e na lógica da metodologia, podemos organizar 5 passos práticos.
- Escolha um nicho e aprofunde o conhecimento
Para começar, o vendedor desafiador não tenta ser especialista em tudo. Em vez disso, ele se concentra em um segmento bem definido. Com isso, ele passa a:
- reconhecer padrões de dor com rapidez;
- antecipar tendências e mudanças;
- levar comparações relevantes (“concorrentes seus já estão fazendo X”).
Peres comenta justamente isso: como ele atende várias empresas do mesmo segmento, ele já chega na reunião sabendo quais são os desafios mais prováveis do cliente.
- Comece a reunião ensinando, não apenas perguntando
Tradicionalmente, o vendedor consultivo começa com algo como:
“Quais são as suas dores hoje?”
O vendedor desafiador, por outro lado, muda a abordagem: “Empresas do seu segmento geralmente enfrentam desafios em A, B e C. Em qual desses você sente maior impacto hoje?”
Perceba a diferença: assim, o vendedor não chega “zerado” para a conversa. Em vez disso, ele demonstra preparo e já contribui desde o início.
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Personalize a mensagem para a empresa e para a pessoa
Além de olhar para o segmento, o vendedor desafiador também se preocupa com a realidade da empresa e com a carreira do interlocutor.
Peres comenta um ponto importante: dependendo da solução, o profissional que está na mesa pode ser diretamente impactado. Por isso, o desafiador pensa assim: “Como a minha solução pode fortalecer a posição dessa pessoa dentro da empresa?”
Por exemplo:
- Para um gestor de TI, um novo software pode: reduzir incidentes, aumentar a segurança, posicioná-lo como líder de um projeto estratégico.
- Para um gestor de RH, uma solução de treinamento pode: melhorar indicadores de clima, reduzir turnover, colocá-lo como protagonista de uma mudança de cultura.
- Use tensão construtiva, não agressividade
Quando falamos em “desafiar” o cliente, é comum surgir o medo de parecer autoritário ou arrogante. No entanto, o que o Robson traz é exatamente o oposto: o desafiador trabalha com tensão construtiva.
Isso significa:
- alertar o cliente sobre riscos reais;
- mostrar consequências de adiar decisões;
- conectar prazos e ações a impactos concretos no negócio.
Tudo isso, é claro, de maneira respeitosa e profissional.
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Assuma o controle desde o início (e pratique a solicitação enérgica)
Por fim, um ponto central da venda desafiadora é que o vendedor não espera chegar na negociação para assumir o controle. Pelo contrário: ele faz isso desde a primeira interação.
O desafiador:
- mapeia quem realmente participa da decisão;
- entende como funciona o processo de compra dentro da empresa;
- define próximos passos em cada reunião;
- não sai de uma conversa sem um acordo claro sobre o que vem depois.
Além disso, ele utiliza a chamada solicitação enérgica. Por exemplo: “Eu posso, sim, avaliar essa condição especial. Porém, para que isso faça sentido, eu preciso que a tomada de decisão aconteça até o dia X. Faz sentido para você?”
Assim, o vendedor protege a margem e, ao mesmo tempo, mantém o processo em movimento.
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Erros comuns que impedem alguém de ser um desafiador
Com base no contraste trazido pelo Robson entre o desafiador e o construtor de relacionamento, alguns erros aparecem com frequência:
- Colocar o relacionamento acima de qualquer coisa: O vendedor quer tanto manter o clima bom que evita falar o que o cliente precisa ouvir. Como consequência, ele não desafia, não tensiona e não gera decisões.
- Fazer muitas perguntas e poucas contribuições: O discurso fica cheio de “me conta mais sobre…” e vazio de “deixa eu te mostrar o que está acontecendo no seu mercado…”.
- Evitar qualquer tipo de pressão: O vendedor não fala de prazo, não fala de risco e sempre termina com: “fica à vontade para me procurar quando decidir”.
- Não dominar o segmento em que atua: Sem estudar o mercado do cliente, o vendedor não consegue trazer insights novos. Nesse caso, ele vira apenas mais um fornecedor na fila.
- Usar mensagens genéricas para todos os clientes: A mesma apresentação, o mesmo e-mail, o mesmo disparo de WhatsApp. Ou seja: zero personalização real.
Quando esses comportamentos dominam, fica praticamente impossível aplicar a venda desafiadora de forma consistente.
Mini-diagnóstico: você é mais desafiador ou construtor de relacionamento?
Este não é um teste científico, mas serve como espelho rápido para reflexão.
Você tende a agir como construtor de relacionamento quando pensa:
- “Não quero pressionar o cliente para não estragar a relação.”
- “Meu foco é ser lembrado como alguém legal e disponível.”
- “Prefiro evitar falar de riscos para não parecer negativo.”
- “Faço muitas perguntas, mas raramente questiono ou provoco o cliente.”
Por outro lado, você se aproxima mais do vendedor desafiador quando pensa:
- “Minha responsabilidade é mostrar o que o cliente ainda não está enxergando.”
- “Se eu não tensionar, talvez ele demore demais para agir.”
- “Eu sempre estudo o segmento antes de ir para a reunião.”
- “Eu não saio de uma reunião sem alinharmos um próximo passo claro.”
Naturalmente, ninguém é 100% um perfil só. A ideia é trazer mais comportamentos desafiadores para o dia a dia, sem abandonar o relacionamento.
Qualquer pessoa pode se tornar um vendedor desafiador?
Segundo o Robson, e isso é crucial, sim.
Mesmo profissionais com perfil mais analítico ou estável podem desenvolver comportamentos desafiadores. Afinal, o desafiador não é só uma “personalidade”, e sim uma forma de atuar que exige:
- estudo de segmento;
- preparação para cada reunião;
- didática comercial;
- prática em ensinar o cliente;
- coragem para assumir o controle da venda.
Por outro lado, quando o vendedor tenta fazer essa transição sozinho, a jornada é mais difícil. Portanto, é fundamental que a gestão abrace a causa.
Quando a empresa decide migrar de um modelo puramente consultivo para a venda desafiadora, marketing, comunicação e T&D passam a reforçar a mesma mensagem.
Dessa maneira, a mudança deixa de ser individual e se torna cultural.
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