Por Fala T&D, direto da ATD 2025 | Washington, EUA
Nunca tivemos tantas gerações convivendo no mesmo ambiente de trabalho. Em uma mesma equipe, é possível encontrar profissionais que começaram suas carreiras em um mundo analógico e outros que já nasceram conectados à inteligência artificial.
A ATD 2025 destaca que, no futuro da aprendizagem e da liderança, o foco está em construir conexões autênticas entre pessoas, ideias e tecnologias.
Essa convivência intergeracional, embora rica em possibilidades, representa um dos maiores desafios para os líderes contemporâneos: como criar vínculos verdadeiros entre gerações que possuem visões tão distintas sobre trabalho, carreira e propósito?
O segredo para o sucesso está em fomentar essas conexões, promovendo empatia, diálogo aberto e entendimento mútuo, elementos que podem transformar a diversidade em força colaborativa.
Não estamos falando apenas de estilos de comunicação distintos ou preferências tecnológicas. As gerações carregam consigo referências culturais, valores e expectativas profundamente diferentes, que impactam diretamente a forma como aprendem, colaboram, inovam e como se relacionam com suas lideranças.
Liderar em um cenário multigeracional exige não apenas flexibilidade, mas uma escuta ativa, inteligência emocional e capacidade de adaptação constante.
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As gerações
A geração Baby Boomer, nascida entre 1946 e 1964, tem deixado o mercado de trabalho em ritmo acelerado: estima-se que mais de 16 milhões de boomers se aposentarão até 2029, levando consigo décadas de conhecimento.
Já a geração X (1965–1980), hoje em cargos de alta gestão, carrega uma visão pragmática e uma resiliência adquirida em tempos de transição econômica.
A geração Y (ou millennials, nascidos entre 1981 e 1996), por sua vez, consolidou o valor do propósito, da flexibilidade e do equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Mas é com a geração Z (1997–2010) que os desafios se tornam ainda mais evidentes. Jovens que chegaram ao mercado de trabalho em meio à pandemia, hiperconectados, mas também mais ansiosos, menos tolerantes a ambientes tóxicos e com grande expectativa de desenvolvimento rápido e feedback constante.
Uma pesquisa recente da Deloitte revelou que 49% dos profissionais da geração Z consideram deixar seus empregos por questões ligadas à saúde mental.
E, enquanto ainda tentamos entender suas demandas, a geração Alpha (nascida a partir de 2010) já começa a bater à porta, com sua alfabetização digital precoce, consciência social e expectativas moldadas por um mundo de mudanças exponenciais.
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O papel do líder com as diferentes gerações no trabalho
Diante desse cenário, o papel do líder precisa evoluir. Não basta mais “gerenciar equipes”, é preciso construir pontes entre gerações, facilitando o diálogo, respeitando as diferenças e reconhecendo o potencial único de cada grupo.
A socióloga Margaret Mead já afirmava que “as gerações precisam se escutar, pois nenhuma detém o monopólio da verdade”. Liderar diferentes gerações é, portanto, um exercício contínuo de mediação e aprendizagem.
Autores como Mauro F. Guillén em Zconomy (2021), que aborda o impacto da geração Z na economia e no trabalho, e Jean M. Twenge em iGen (2017), que explora os traços e desafios dos jovens conectados, destacam a necessidade de estratégias personalizadas para cada geração.
Outro livro, Conflitos de Gerações (2019), de Mariza Hoffmann e Jorge Sutil, reforça que enquanto a geração X valoriza autonomia, a geração Z precisa de senso de pertencimento; millennials buscam impacto social, enquanto os boomers desejam reconhecimento por sua experiência acumulada. O desafio está em criar ambientes flexíveis o suficiente para abraçar todas essas necessidades, sem perder a coesão da equipe.
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Liderando múltiplas gerações no trabalho
Liderar múltiplas gerações exige sensibilidade para acolher as diferenças sem reforçar estereótipos, e clareza para estabelecer objetivos comuns que unam em vez de dividir.
No campo prático, já vemos empresas adotando soluções criativas, como programas de mentoria reversa. Neles, profissionais mais jovens compartilham conhecimentos digitais com os mais experientes, criando uma troca genuína de saberes.
Há também o uso de comunidades de prática intergeracionais, que favorecem a aprendizagem colaborativa e reduzem o isolamento entre as faixas etárias.
Outro ponto importante é revisar políticas de gestão de desempenho e comunicação interna, para garantir que contemplem as diferentes formas de engajamento e motivação.
O desafio de liderar múltiplas gerações não é passageiro; ele só tende a se intensificar nos próximos anos, com a chegada definitiva da geração Alpha.
Por isso, é urgente que líderes e profissionais de T&D estejam preparados para lidar com essa complexidade de forma estratégica, ética e humana.
Por fim, a pergunta que fica é: estamos realmente ouvindo o que cada geração tem a dizer? Ou ainda insistimos em liderar com base em modelos únicos que já não se aplicam mais?