
Nesta segunda-feira, 19 de maio, a ginasta Simone Biles foi a responsável por abrir oficialmente o ATD 25, evento realizado em Washington, DC. A cerimônia marcou o início de uma programação especial que promete movimentar a cidade nos próximos dias
Mas o que mais marcou sua presença na ATD 2025 não foram as medalhas, os saltos impossíveis ou os recordes quebrados. O que ficou foi a maneira como ela escolheu viver. Aliás, isso diz muito para todos nós, especialmente para quem está à frente de pessoas, times e organizações.
Biles contou que entrou na ginástica artística ainda criança, sem grandes ambições. Ela só queria brincar, se divertir, explorar os próprios limites com leveza. Nem toda trajetória precisa nascer de um plano grandioso – algumas nascem do prazer genuíno de descobrir quem se é.
E talvez seja justamente essa origem despretensiosa que tenha construído nela uma base tão sólida para encarar o que viria depois.
Afinal, como ela mesma diz, “eu só queria me divertir”, e essa autenticidade no começo revelou um talento que nenhuma pressão externa poderia forçar.
Nos momentos difíceis, quando pensava em desistir, ela revisava seus objetivos e se reconectava com a pergunta fundamental: “Por que comecei?”.
ATD 25: Protagonismo e coragem de Simone Biles
Não eram os títulos, a pressão da mídia ou as expectativas externas que a moviam – era a escuta interna, o desejo de continuar fiel a si mesma.
Protagonismo, no fim das contas, é isso: ter a coragem de seguir o que ainda faz sentido, e não o que o mundo espera que você siga. Aliás, essa flexibilidade para revisar metas e manter o propósito vivo é uma lição que vai muito além do esporte.
Foi essa mesma coragem que levou Biles a tomar uma das decisões mais emblemáticas da história recente do esporte: no auge de sua carreira, ela se retirou dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021 para cuidar da saúde mental. Um gesto que virou manchete no mundo todo e gerou debates acalorados.
Mas, acima de tudo, foi um ato de lucidez. Biles não desistiu – ela se priorizou, mostrando que a performance nunca deve valer mais do que a integridade e o bem-estar. Esse movimento corajoso é um convite para líderes e profissionais repensarem suas próprias jornadas: às vezes, parar é o ato mais estratégico e valente que podemos tomar.
Ao longo da palestra, Biles fez questão de destacar que essa trajetória nunca foi solitária. O apoio da família, da psicóloga, dos técnicos e da sua rede de suporte foi essencial. A superação é celebrada nos pódios, mas construída no cotidiano com ajuda de quem acredita na gente. Mesmo os maiores talentos precisam de rede.
Afinal, ninguém dá conta de tudo sozinho. Isso reforça a ideia de que sucesso é coletivo – um princípio que ressoa com a forma como lideranças sensíveis e inclusivas constrói ambientes saudáveis e produtivos.

O apoio dos dois lados
Outro ponto poderoso foi sua relação com os técnicos. Ela destacou como foi importante ter ao seu lado pessoas que sabiam quando puxar e quando soltar. Que reconheciam seus limites e respeitavam seu ritmo. Que lideravam com firmeza, sim, mas também com escuta, empatia e confiança. Alta performance exige mais do que técnica. Exige sensibilidade.
No fim, Biles disse algo que ficou ecoando: “O objetivo nunca foi o ouro. Era ser melhor do que ontem.” Uma frase simples – e transformadora. Porque nos convida a redefinir sucesso. Talvez ele não esteja no pódio, no bônus, no título.
Talvez esteja na paz de quem sabe que deu o seu melhor, mesmo que esse melhor mude de um dia para o outro. Essa visão de sucesso, alinhada com valores de autenticidade e equilíbrio, inspira a repensar nossas próprias medidas e a coragem de ser inteiro em nossas vidas e carreiras.
A palestra de Biles não foi apenas inspiradora. Foi humana. E profundamente conectada com os desafios de quem lidera, forma pessoas ou cuida de cultura organizacional. Ela nos lembrou de algo essencial: não é só sobre entregar resultados, mas sobre ter coragem de ser inteiro.
E você, o que ainda faz sentido na sua jornada? Sua organização valoriza apenas quem entrega – ou valoriza quem tem coragem de se cuidar, se escutar e se reinventar?