No CBTD 2025, os 5 palestrantes mais bem avaliados da edição anterior (TOP5) voltaram ao palco para compartilhar as ideias que mais provocaram, engajaram e impactaram.
Reunimos aqui os aprendizados mais poderosos — daqueles que não apenas inspiram, mas desafiam o T&D a assumir um novo patamar de influência dentro das organizações.
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T&D em tempos de TikTok – Branca Barão – TOP5 no CBTD de 2024,
“Seja o algoritmo da sua empresa”
Branca propõe uma provocação certeira: em tempos de TikTok, como manter essência e profundidade sem perder velocidade? A resposta está em entender o que as pessoas querem aprender — e oferecer exatamente isso, como faz o algoritmo das redes.
Sendo assim, imagine uma conversa improvável.

Aliás, Malcolm Knowles, o pensador que ensinou o mundo a respeitar a autonomia dos adultos na hora de aprender, trocando ideias com Zhang Yiming, criador do TikTok — a plataforma que sequestra a atenção e entrega, em segundos, o que as pessoas nem sabiam que queriam.
Então, no centro da conversa, Branca Barão, conectando os dois mundos. De um lado, a sabedoria da andragogia: adultos aprendem melhor quando motivados, envolvidos, guiados pela própria curiosidade.
Do outro, os pilares da era digital: agilidade, personalização, recompensas imediatas, experiência audiovisual.
Portanto, se queremos que adultos aprendam, precisamos parar de insistir em formatos que tratam todos como iguais — e começar a agir como algoritmos humanos: oferecendo o que é desejado, no formato certo, no momento exato.
“As pessoas não querem aprender. Elas querem viver melhor. Cabe ao T&D entregar essa promessa em experiências curtas, significativas e cheias de propósito.”
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Errei e agora!? – Ines Cozzo
“Errar é neurociência, não falha de caráter”
Com sensibilidade e potência, Ines, TOP5 de 2024, abordou o erro como ele realmente é: parte essencial do processo de aprendizagem. Com isso, ela traz à tona a neurofisiologia do erro, explicando que nosso cérebro armazena falhas para gerar correções — sem julgamento, apenas adaptação.
Sua fala começa com uma história pessoal, daquelas que muitos esconderiam — um erro cometido numa palestra na EMBRAER, anos atrás, que rendeu críticas duras. Mas, em vez de silenciar ou justificar, Ines respondeu com vulnerabilidade e aprendizado. Aliás, ali entendeu: o erro só ensina quando é acolhido.
“Temos áreas no cérebro especializadas em guardar os erros que cometemos – e nenhuma delas está ligada à vergonha. São áreas ligadas à repetição, correção e adaptação.”

Na plateia, ao som delicado de Anavitória, todos foram convidados a lembrar de um erro que ainda pesa. Mas, o clima mudou. Silêncio, introspecção. E, depois, alívio.
Ines mostrou que a forma como nos ensinaram a lidar com erros (punitiva, classificatória, escolarizada) é o que nos desconecta do aprendizado real.
Então, ela apresenta o modelo T.O.T.S. (Testa – Opera – Testa – Sai), da PNL, como a lógica natural do cérebro: tentamos, erramos, ajustamos, acertamos.
“Na vida, errar não é fracassar. É ensaiar para fazer melhor.”
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NR1 e os EPIs da saúde mental – Izabella Camargo – TOP5 CBTD 2024
“Proteger a mente não é opcional. É uma norma que já chegou.”
Izabella Camargo subiu ao palco — grávida de 37 semanas, barriga à mostra como um lembrete vivo de que cuidar é preparar o futuro. E começou com uma cena que todo mundo já viu, mas poucos param pra pensar:
- Passageiros fumando em aviões. Antigamente, era normal. Hoje, é impensável.
- Assim como já foi normal ter pés acorrentados, crianças trabalhando em fábricas ou operários sem capacete em canteiro de obra.

“Se tudo isso já foi normal — e deixou de ser — por que ainda tratamos saúde mental como se fosse luxo?”
A provocação de Izabella Camargo, TOP5 na edição de 2024 do CBTD, é simples: o trabalho mudou, mas a mentalidade de proteção ainda não. Foi só na década de 70 que os EPIs físicos se tornaram obrigatórios.
Coincidência ou não, o mesmo ano em que o Brasil virou tricampeão mundial — e também campeão de adoecimento laboral, segundo a OIT.
Daí nasceu a NR1, Norma Regulamentadora que, hoje, amplia o conceito de risco para além do físico: inclui os riscos psicossociais — assédio, bullying, carga excessiva, ambiente tóxico.
De forma didática, ela pontua:
NR1 é o conjunto de diretrizes que obriga as empresas a mapear, medir e agir sobre os riscos à saúde física e mental de seus trabalhadores.
Hoje, transtornos mentais já são a terceira maior causa de afastamento do trabalho no país. Mas números não mudam nada sozinhos. “Não tenham medo dos dados. Tenham medo de ignorá-los.”
Para Izabella, saúde mental não precisa de definição da OMS, ela tem sua própria: “É a capacidade de lidar com os imprevistos do dia a dia sem colapsar emocionalmente.”
A cultura do trabalho precisa passar pela mesma revisão que um dia baniram o cigarro em voos. Não é mais sobre opinião. É sobre responsabilidade.
Se T&D quer ser estratégico, precisa participar dessa virada. Criar espaços emocionalmente seguros não é só papel do RH — é um novo padrão de gestão.
A NR1 é um lembrete para parar de empurrar o tema com a barriga (com o perdão do trocadilho). Porque, assim como ninguém volta a fumar dentro de um avião, cuidar da mente não é mais modismo — é a nova regra.
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O papel da Liderança na construção de ambientes saudáveis – Julia Ganzanti
“Suas fraquezas são as sombras das suas maiores fortalezas.”
Julia Ganzanti, TOP5 de 2024, começou sua fala de um jeito incômodo: “Como o líder está se sentindo hoje?”
A resposta ecoa: exausto, pressionado, sozinho. O “mantra da liderança” é que precisa dar resultado e cuidar de gente. Mas, ele vê uma equipe cansada — muitas vezes rotulada de “mimizenta”. Ele fala de metas, de prazos, de cobrança.

Julia expôs esse dilema: a liderança é empurrada para ser super-herói empresarial, forte, incansável, resoluto. Aliás, geralmente são da geração X e Y, treinadas para engolir o choro, encobrir as dores, empilhar metas. Mas ninguém ensina que a armadura também pesa.
“A pressão por resultados, metas inatingíveis, mudanças constantes — tudo isso adoece times. E adoece líderes também.”
A pesquisa do Workforce Institute revela o tamanho dessa bomba-relógio:
- 69% da saúde mental dos colaboradores é diretamente impactada pelos seus gestores;
- E se o líder não está bem, o time também não vai estar.
Julia faz uma provocação: treinamentos de segurança psicológica não mudam cultura sozinhos. Segurança psicológica é risco pessoal: é o líder estar pronto para ser humano primeiro, chefe depois.
Ela resgata Amy Edmondson: equipes de alta performance erram mais, justamente porque têm liberdade para tentar. Portanto, essa liberdade só existe onde o ambiente é seguro — não seguro por decreto, mas seguro na prática, todos os dias.
“Não adianta cobrar cultura de confiança se o líder não consegue confiar nem em si mesmo.”
Mas qual o ponto de virada? Autorresponsabilidade e Vulnerabilidade. Não como discurso de LinkedIn, mas como coragem para reconhecer erros, abrir diálogo, pedir ajuda. Afinal, se o líder joga toda a culpa no time, a conta não fecha.
E Julia fecha com uma lembrança que rasga qualquer mito de perfeição:
“Suas fraquezas são as sombras das suas próprias fortalezas. Se quiser ambientes saudáveis, comece por dentro.”
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Inteligência Aplicada: como desbloquear a sua potência – Vânia Ferrari
Com humor e contundência, Vânia Ferrari não desperdiçou tempo com slides bonitos. Começou com uma frase que fez a plateia rir — e pensar:
“O cérebro é uma coisa tão maravilhosa… que todos deveriam ter um.”
Seu convite não era para decorar citações de filósofos ou pendurar diploma na parede. Portanto, era para usar o cérebro como ele foi projetado: para resolver problemas difíceis, apesar das barreiras que o mundo impõe.

Para isso, Vânia trouxe ciência de forma prática:
- Plasticidade: a capacidade do cérebro de mudar a si mesmo.
- Neurogênese: a habilidade de gerar novos neurônios, sempre que nos desafiamos com questões complexas.
“Espere pacientemente pelos problemas, porque eles virão. E quando vierem, pegue o problema pelo rabo.”
Simples — direto — e verdadeiro. Problemas não paralisam inteligência. Alimentam. Mas só quando mudamos a atitude de enfrentá-los. A receita? Misturar cérebro, mente, atitude, resultado.
E não deixar que a emoção seja terceirizada. “Ninguém te abala se você não quiser ser abalado.”
Ela provocou o público de T&D a parar de responder e-mails sem contexto: antes de criar uma trilha, entenda o problema real. “Seu cliente interno é quem define sua promoção — ou sua demissão. Você entende o cérebro dele?” Mas, qual meta aquela área precisa atingir? Qual gargalo do time? O que de fato muda comportamento?
“Seu cérebro é fixo ou resiliente? Se é resiliente, mexa-se — literalmente. Aprenda coisas novas. Relaxe. E, principalmente: conecte-se.”
Vânia encerrou lembrando que inteligência não é um adereço de currículo. Por fim, é uma prática viva, neurofisiológica. É uma escolha: resolver, melhorar, controlar. Seu cérebro é resiliente. Sua área de T&D também pode ser.”