Enquanto muitos debatem o futuro do trabalho com entusiasmo tecnológico, Piero Franceschi propôs uma pausa mais honesta no CBTD 2025: estamos lidando com o fim do trabalho e a extinção da liderança?
Segundo ele, a pergunta mais urgente não é para onde vamos, mas sobre o que exatamente estamos querendo salvar. Porque talvez o trabalho como conhecíamos, feito de esforço, orgulho, pertencimento e transformação, já tenha morrido.
Em seu lugar, temos uma performance. Um teatro vazio em que líderes exaustos tentam manter o ritmo e colaboradores desengajados cumprem protocolos com o piloto automático ativado.
Sendo assim, o resultado é um ambiente de desconforto generalizado, onde todos sentem que algo está errado, mas ninguém sabe muito bem o que fazer. Mas a verdade é que não estamos discutindo o futuro do trabalho, estamos vivendo o colapso do seu presente.
“O trabalho virou um lugar sem futuro. E talvez o mais preocupante: ninguém parece disposto a reconstruí-lo.”
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A cultura do desencaixe: líderes que não lideram e colaboradores que não colaboram
Piero nomeou com precisão o fenômeno que atravessa as empresas: a cultura do desencaixe. De um lado, colaboradores entediados com tudo, ansiosos por mais, hiperfocados em si mesmos e desconectados do coletivo.
De outro, líderes que perderam o interesse pelas pessoas e se refugiaram no controle, na burocracia e na apatia.
Colaboradores desconfiam da empresa, acreditam que sempre estão em desvantagem e agem mais a partir de seus direitos do que dos seus compromissos.
Enquanto isso, líderes também se retiram emocionalmente, esgotados pela cobrança e sem energia para liderar de verdade.
Para agravar o quadro, 39% das novas gerações afirmam não querer liderar. O trabalho perdeu seu apelo simbólico. Não representa mais crescimento, nem honra, nem realização. Virou tarefa. E tarefa demais gera cansaço. Resultado: ninguém quer assumir o volante, e o coletivo entra em piloto automático.
“Estamos vivendo uma infelicidade histórica. Todos estão na zona de desconforto. Ninguém mais está confortável.”
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A máquina que quer o nosso lugar
Enquanto esse vácuo humano se instala, uma nova força ocupa o centro do palco: a inteligência artificial. Ao contrário dos humanos que recuam, ela avança com fome de tarefa, eficiência e repetição.
E nesse cenário, a pergunta não pode mais ser sobre o futuro do trabalho. A pergunta mais urgente é: quem fará o trabalho do futuro?
Informação, sozinha, não engaja. Soluções milagrosas não constroem cultura. E slogans de propósito não substituem o senso de realização. O que falta é algo muito mais humano: entusiasmo, presença e vontade. Coisas que as máquinas nunca terão.
“Que as máquinas nos peguem gostando do trabalho. Porque isso é a única coisa que elas nunca poderão fazer.”
O resgate da liderança é o resgate do trabalho
Para que o trabalho tenha um futuro, é preciso primeiro resgatar o seu significado. E isso começa pela liderança que reconstrói a narrativa todos os dias, com clareza, força e humanidade.
Essa nova liderança se ancora em quatro pilares essenciais:
- Posição: estar onde é preciso estar, mesmo quando é difícil;
- Potência: não no sentido de controle, mas de impacto real;
- Perspectiva: enxergar além da tarefa e conectar os pontos;
- Presença: ser visto, ser sentido, fazer a diferença.
Por fim, a liderança é a ponte entre o passado e o futuro do trabalho. É ela quem pode devolver ao trabalho seu valor simbólico.
“Primeiro, reconstruímos o sentido. Depois, reencontramos a felicidade.”