Liderança em tempos de mudança: mais empatia, ciência e estratégia
Quando falamos em liderança em tempos de mudança, não basta planejar transformações. Antes de tudo, é essencial compreender as pessoas. Durante a abertura do CBTD 2025, a Dra. Britt Andreatta apresentou uma abordagem poderosa e humana sobre como conduzir mudanças respeitando o funcionamento do cérebro e as emoções das equipes.
Compreender pessoas é a chave para liderar bem
A Dra. Britt Andreatta, referência em liderança, neurociência e aprendizagem, abriu o evento com uma palestra que conectou ciência e prática. CEO da Brain Aware Training e ex-diretora da Lynda.com (LinkedIn Learning), ela destacou um ponto crucial: mesmo bons planos podem fracassar se negligenciarmos as pessoas.
“Mudar gera desconforto. Mesmo quando é bem liderada, o máximo que conseguimos é reduzir o tempo e o impacto emocional, mas nunca eliminá-los completamente.”
Ela reforça que, frequentemente, as organizações se concentram apenas nos aspectos técnicos da mudança — metas, cronogramas, processos. No entanto, o que realmente determina o sucesso é como as pessoas reagem e se adaptam. Portanto, é preciso olhar para além dos planos.
Segundo Britt, há um ciclo natural diante da mudança: inicialmente surgem o choque, o medo e a negação. Em seguida, aparecem o estresse, a frustração e a ansiedade. Só então começamos a aceitar, sentir esperança e nos engajar com o novo. Dessa forma, entender esse processo se torna indispensável para uma transição eficaz.
Nem toda mudança é vivida da mesma forma
De acordo com Britt, compreender os diferentes tipos de mudança é fundamental. Isso ajuda líderes a planejarem com mais clareza o ritmo e o suporte necessário. Além disso, facilita a identificação dos impactos emocionais nas equipes:
- Mudanças longas e intensas: causam desgaste emocional.
- Mudanças curtas e intensas: exigem esforço rápido, com fim mais definido.
- Mudanças longas e leves: podem gerar tédio ou impaciência.
- Mudanças rápidas e leves: parecem sutis, mas acumulam desgaste quando frequentes.
Esse mapeamento permite cuidar da saúde emocional dos times e prever reações com mais precisão. Além disso, contribui para definir o ritmo ideal de cada projeto.
Como as pessoas se sentem importa (muito)
A forma como alguém reage à mudança depende, essencialmente, de dois fatores: se ela escolheu mudar e se ela queria a mudança. Pessoas que escolhem e desejam a mudança se engajam com entusiasmo. Por outro lado, quem não escolheu tende a resistir. E há ainda quem aceite por necessidade ou por um bem maior.
Compreender essas nuances permite que a liderança em tempos de mudança seja mais estratégica e empática. Portanto, observar o contexto emocional é parte essencial do processo.
O cérebro humano reage automaticamente à mudança
Segundo Britt, a neurociência explica por que mudar é difícil. Quatro áreas do cérebro são acionadas, e cada uma delas desempenha um papel importante na resistência natural às transformações:
- Amígdala: ativa o medo diante do desconhecido.
- Córtex entorrinal: perde suas rotas mentais quando mudamos de ambiente.
- Gânglios da base: exigem 40 a 50 repetições para formar um novo hábito.
- Habenula: diminui a sensação de recompensa quando erramos, afetando a motivação.
Esses mecanismos explicam por que, muitas vezes, mesmo mudanças pequenas geram resistência ou desânimo. Assim, é fundamental levar essas reações em conta ao planejar qualquer transição.
Na liderança da mudança, cada um tem um papel
Uma mudança bem-sucedida depende da sinergia entre quatro perfis dentro da organização. Cada um cumpre um papel específico, que precisa estar bem alinhado aos demais:
- Designers: desenham a mudança e pensam no futuro.
- Desbravadores: enfrentam os desafios e preparam o caminho.
- Guias: acompanham os times diariamente.
- Viajantes: todos os que vivenciam as mudanças na prática.
Portanto, manter esses grupos alinhados é essencial para reduzir atritos e fortalecer o processo. Além disso, garante fluidez e menor resistência durante a implementação.
Oito estratégias práticas para uma liderança mais humana
Britt finalizou com dicas aplicáveis a qualquer contexto organizacional. Veja a seguir:
- Respeitar como o cérebro funciona.
- Começar explicando o porquê da mudança.
- Comunicar de forma clara, constante e por diversos canais.
- Mostrar visualmente a jornada da mudança.
- Reconhecer os avanços e os esforços individuais.
- Desenvolver a inteligência emocional da liderança.
- Oferecer treinamentos que auxiliem na adaptação.
- Por fim, cuidar da energia do time com leveza e atenção plena.
“Brincar não é só para crianças. Quando brincamos, o corpo entende que está seguro. Isso ajuda a acalmar e renovar nossas forças.”
Preparar pessoas para o novo é essencial
Para Britt, liderar em um mundo de transformações constantes exige mais do que planos — exige preparo humano. Em outras palavras, é preciso compreender a biologia da mudança e criar ambientes de apoio. Consequentemente, isso torna a transição mais segura e eficaz.
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