Em um evento corporativo, pode soar inusitado entrar em uma sala e encontrar alguém fazendo piada com sotaque, bombom, microfilmagem e sanduíche natural — e sair com lições tão afiadas sobre coragem, reinvenção e colaboração quanto qualquer keynote de estratégia.
Foi exatamente isso que Diogo Portugal, humorista, roteirista, produtor e, como ele mesmo diz, “empresário da palhaçada”, entregou em sua palestra Empreendendo Risos.
Curitibano de sotaque contido — mas de coragem nada gelada — Diogo abriu mostrando na prática o que diz seu título: humor é gestão de ambiente.
Aliás, ele quebrou o gelo perguntando de onde vinha o público, brincou com estereótipos regionais e, em dois minutos, tinha uma plateia inteira mais disposta a ouvir, confiar e se abrir.
“Quem ri, relaxa. Quem relaxa, escuta. Aquele que escuta, conecta.”
Mas, entre uma piada e outra, Diogo destrinchou sua própria trajetória — que não começou em palco nenhum. Primeiro emprego? Funcionário público em microfilmagem — mas quem ganhava mais era a moça que vendia bombom. Então, ser inspirou nela e começou a vender sanduiches. Virou Disk Sanduíche dentro do setor — até a chefe descobrir.
Demissão? Óbvio. Fracasso? Não.
Primeira lição do show: proatividade é ótima – na hora e local certos.

Ao ser chutado do setor, Diogo não voltou pra casa pra chorar. Portanto, pegou o violão, virou guia de excursão, juntou o cachê, comprou uma mesa de som e se ofereceu de graça pra fazer o jingle da Casa do Pão de Queijo. E funcionou.
Logo, Curitiba toda ouvia sua assinatura sonora – sem perceber que ali nascia o embrião de um empresário que faria piada pra viver e viver pra provocar negócios.
“Crie com coragem. Oportunidade não gosta de gente que espera permissão.”
Quando alguém jogou na cara dele “Você é palhaço ou empresário?”, Diogo entendeu o cut como força motriz: foi ser os dois.
Criou o Risorama, festival que há 21 anos costura humoristas de todo canto. Além disso, entrou na Terça Insana, ocupou 5 minutos de palco, fincou raiz em SP.
Fez collabs com quem estava gigante — e soube provocar quem estava confortável. Aliás, foi assim que cutucou Danilo Gentili e Oscar Filho pra criar o Stand Up Raiz, e no embalo, puxou uma taça de vinho. Resultado? Com isso, nasceu o vinho “Putos”, 300 mil garrafas vendidas em um ano.
“Rir é bom. Empreender junto é melhor. Brindar com o rótulo próprio é o bônus.”
Quem assistiu Diogo Portugal saiu entendendo que riso é meio, não fim. Na verdade, serve pra vender, serve pra criar, serve pra abrir porta, serve pra lidar com demissão – serve pra não virar prateleira humana dentro de um crachá.
Então, seja uma piada sobre Curitiba ou uma provocação sobre coragem, o recado é o mesmo: quem ri, conecta. Quem conecta, constrói. Quem constrói, empreende – de bombom a stand up.
Por fim, no palco, Diogo disse rindo: “Se liga nos toques que a vida dá.” Mas, no mundo corporativo, talvez essa seja a forma mais honesta de manter a mente afiada — e a cultura viva.