Hoje celebramos o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, assunto que ganhou cada vez mais espaço, dentro e fora das organizações. Especialmente, pois em 2024 quase meio milhão de pessoas se afastaram de suas funções por questões mentais.
Mas, como se originou essa data? Qual reflexão que fica e como construir ambientes mais seguros para os times? Você confere nesse artigo!
Tudo começou no dia 28 de abril de 1969, quando uma explosão em uma mina na Virgínia (EUA) matou 78 trabalhadores. O impacto da tragédia foi tão profundo que, mais de três décadas depois, em 2003, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu essa data como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho, em homenagem às vítimas e como marco para a prevenção.
No Brasil, a data também é lembrada como o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho, conforme a Lei nº 11.121/05. É um lembrete de que o trabalho, apesar de ser espaço de realização, pode também ser fonte de sofrimento — quando o cuidado é negligenciado.
Hoje, o maior número de afastamentos não vem mais de explosões ou quedas, mas do esgotamento invisível: a saúde mental.
Os novos acidentes de trabalho são silenciosos
O burnout avança de forma silenciosa e já atinge 30% dos trabalhadores brasileiros, segundo a Anamt.
De acordo com o Ministério da Previdência, o Brasil registrou mais de 470 mil afastamentos por transtornos mentais em 2024 — um aumento de 68% em relação ao ano anterior. Ansiedade, depressão e burnout têm ocupado o topo da lista dos diagnósticos que afastam trabalhadores por tempo indeterminado.
O que mudou? O excesso de demandas, a instabilidade, a cobrança constante, a competitividade e a ausência de relações saudáveis tornaram o ambiente de trabalho, muitas vezes, emocionalmente inseguro. Um lugar onde não há espaço para o erro, para a escuta ou para o cuidado mútuo.
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Nova NR-1
A partir de 26 de maio de 2025, empresas de todo o Brasil precisarão adotar medidas para identificar e mitigar riscos psicossociais no ambiente de trabalho. Com isso, a mudança, prevista na Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), estabelece que a gestão de riscos ocupacionais inclua também aspectos relacionados à saúde mental dos trabalhadores.
Portanto, isso significa que o setor de Treinamento e Desenvolvimento (T&D) precisará atuar ativamente para garantir que os colaboradores compreendam a importância dessas mudanças e estejam preparados para enfrentá-las.
Como era antes e qual a importância dessa atualização?
Anteriormente, a NR-1 considerava apenas riscos físicos, químicos, biológicos e ergonômicos. No entanto, o crescente número de afastamentos por transtornos mentais evidenciou a necessidade de ampliar essa abordagem. De acordo com o INSS, em 2022, mais de 209 mil pessoas foram afastadas do trabalho por questões como depressão e distúrbios emocionais.
Essa atualização reforça a responsabilidade das empresas na prevenção desses problemas.
Para os profissionais de T&D, essa mudança representa um desafio e uma oportunidade. Sendo assim, é essencial que os treinamentos corporativos incluam temas como saúde mental, prevenção ao assédio e gestão humanizada, promovendo uma cultura organizacional mais saudável e alinhada às exigências da nova NR-1.
O trabalho como espaço simbólico — e também de trauma
A psicanálise nos lembra que o sujeito humano é atravessado pelo desejo, pelas estruturas de linguagem e pela busca de reconhecimento. Quando o trabalho se transforma em um lugar onde não há acolhimento, nem validação, o que surge é o sintoma: o cansaço crônico, o silêncio, o afastamento.
Como escreveu Dejours, referência em Psicodinâmica do Trabalho, “não é o trabalho que adoece, mas a forma como ele é organizado, gerenciado e vivido.” A dor começa no invisível, e o ambiente é, quase sempre, cúmplice — ou antídoto.
O papel da liderança: presença que pode curar ou ferir
Segundo pesquisa da Randstad, 75% dos profissionais atribuem o estresse no trabalho ao comportamento de seus chefes.
Um estudo conduzido pela McKinsey Health Institute (2022) mostrou que a liderança é o principal fator de impacto no bem-estar dos colaboradores — mais do que o salário ou os benefícios. Líderes com escuta ativa, empatia e clareza reduzem significativamente os índices de estresse e aumentam a sensação de segurança psicológica.
Já segundo dados do State of the Global Workplace (Gallup, 2023), apenas 21% dos colaboradores se sentem engajados em nível global. Entre os que se sentem apoiados por suas lideranças, esse número sobe para 73%.
Em outras palavras: liderar bem é promover saúde mental. Liderar mal, é risco psicológico.
Outro ponto negligenciado nas estratégias de T&D é o valor das relações horizontais no ambiente de trabalho. Em estudo publicado na Harvard Business Review, pesquisadores apontaram que equipes coesas e duplas de trabalho com alto nível de confiança mútua ajudam a reduzir os níveis de estresse percebido em até 38%.
Quando as pessoas têm com quem contar, até a rotina mais difícil se torna mais suportável.
Isso reforça o papel do T&D em desenvolver não só competências individuais, mas também ambientes coletivos de apoio. As pessoas constroem sua saúde emocional não apenas por meio do autoconhecimento, mas também vivendo esse conhecimento em um espaço seguro.
Num cenário como esse, é necessário enxergar a área de T&D como algo além de uma simples provedora de treinamentos ou certificações. Ela precisa ser uma aliada na construção de culturas saudáveis. Isso passa por:
Construir jornadas que respeitem o ritmo das pessoas;
Envolver líderes em práticas de cuidado, não só de cobrança;
Criar espaços seguros para conversas difíceis;
Oferecer formações que vão além da performance — e tocam o humano.
Porque no fim, é sobre permanecer
Desenvolver alguém é ajudar essa pessoa a ficar inteira — e não apenas pronta.
O T&D precisa ser mais do que uma área de entrega. Precisa ser ponte entre o desenvolvimento e a saúde emocional.
Em 28 de abril, não celebramos apenas o fim de acidentes físicos. Também lutamos contra os acidentes emocionais, que não sangram — mas destroem por dentro. E você, que atua com T&D, pode ser parte dessa transformação.
Como a Bravend pode ajudar?
A Bravend desenvolve soluções educacionais que promovem um ambiente de trabalho saudável e alinhado às exigências da NR-1. Nossos programas abordam temas essenciais como:
Liderança humanizada – Desenvolvimento de líderes preparados para inspirar e apoiar suas equipes;
Conversas difíceis – Capacitação para conduzir diálogos delicados com empatia e assertividade;
Comunicação não violenta – Estratégias para fortalecer a colaboração e o respeito no ambiente corporativo;
Segurança psicológica – Construção de um espaço seguro para que todos possam contribuir sem medo.
Além disso, oferecemos trilhas de aprendizagem personalizadas para empresas que desejam preparar seus times para as novas exigências da NR-1, garantindo um ambiente de trabalho mais seguro, saudável e produtivo.
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