Cultura de aprendizagem corporativa: como a CPFL transformou educação em estratégia de negócio
O Brasil ainda enfrenta uma base educacional frágil, alta evasão escolar e uma desconexão crescente entre as habilidades exigidas pelo mercado e o que os profissionais realmente oferecem. Diante desse cenário, surge uma pergunta relevante: como uma empresa centenária pode liderar a inovação por meio da cultura de aprendizagem corporativa?
No CBTD 2025, a CPFL apresentou um case finalista do Prêmio Destaque Gestão de Pessoas. A empresa mostrou que a educação corporativa pode — e deve — deixar de ser apenas um centro de custos. Em vez disso, ela pode se tornar um dos pilares da longevidade organizacional.
Da obrigação à cultura de aprendizagem
Com mais de 112 anos de trajetória e um time de 17 mil colaboradores, a CPFL percebeu um ponto crucial: o que os trouxe até aqui não será suficiente para os próximos 100 anos. Afinal, o setor de energia está se transformando rapidamente — e o modo como as pessoas aprendem também.
Carol Benatti, gerente de Educação Corporativa, e Danielly, membro da Universidade Corporativa da CPFL, foram categóricas: o maior desafio é superar a crença de que aprender é apenas uma obrigação. De fato, o dado é alarmante — oito em cada dez adultos brasileiros não compreendem textos complexos. Portanto, a questão vai muito além da capacitação técnica. Trata-se de cultura, inclusão e acesso.
Transformar aprendizado em valor estratégico
Por isso, a resposta da CPFL foi clara: transformar o aprendizado em um elemento estruturante da cultura organizacional. Ou seja, não se tratava mais de apenas ofertar treinamentos. O objetivo passou a ser construir uma cultura de aprendizagem corporativa viva e presente no dia a dia.
Para isso, a empresa investiu em diversos formatos de aprendizagem. Entre eles:
- Simuladores com realidade aumentada
- Mentorias entre pares
- Job rotation
- Pílulas de conhecimento rápidas
- Líderes como multiplicadores
Além dessas iniciativas, criaram o MMA – Meu Momento de Aprendizagem, que reserva um tempo exclusivo na rotina dos colaboradores para desenvolvimento pessoal e profissional. Com essa iniciativa, aprender deixou de ser um evento isolado. Passou a ser um hábito constante.
Ensinar a aprender: o diferencial do futuro
Mais do que apenas ensinar, a CPFL decidiu ensinar a aprender. Dessa forma, os colaboradores foram incentivados a se tornarem protagonistas do seu desenvolvimento. E isso fez toda a diferença. Ambientes com troca de conhecimento constante promovem inovação, engajamento e melhores resultados.
Por que a cultura de aprendizagem importa?
Estudos recentes apresentados durante o case reforçam essa visão. Empresas com uma cultura de aprendizagem corporativa sólida têm:
- 92% mais chances de inovar
- 30% mais eficácia para superar concorrentes
- Até 50% mais produtividade
Aliás, uma das frases mais marcantes da apresentação veio de Peter Senge, autor de “A Quinta Disciplina”:
“Se você quer construir uma organização adaptável, deve investir em aprendizado contínuo e experimentação.”
Aprender como cultura, não como projeto
Portanto, a CPFL mostrou que é possível tornar o aprendizado um traço da cultura organizacional, e não apenas um projeto com data para terminar. Além disso, essa visão de longo prazo é essencial para criar ambientes mais resilientes e preparados para o futuro.
O que aprendemos com a CPFL
Na Bravend, temos acompanhado esse mesmo movimento em diversas empresas junto com a educação corporativa. Criar ecossistemas de aprendizagem personalizados, que respeitam o contexto e a maturidade dos times, é o que torna possível escalar cultura de forma consistente e com impacto real.
Por fim, o grande ensinamento do case da CPFL é: mesmo com mais de um século de história, ainda é possível aprender a aprender. E talvez esse seja o diferencial necessário para sustentar uma organização pelos próximos 100 anos.