No último dia do 40º CBTD, a sala 8 não apenas fechou com chave de ouro — ela explodiu em reflexões. Afinal, Rafael Takei e Cristiano Santos comandaram a atividade Assédio Zero: como usar a comunicação proposital para transformar culturas tóxicas em ambientes saudáveis, e o que era para ser uma palestra virou um convite corajoso à mudança de mentalidade.
A apresentação começou com leveza, bom humor e até Beatles na trilha sonora.
Mas logo deu lugar a uma das histórias mais chocantes do evento: a trajetória de um profissional que, submetido ao assédio constante, entrou em depressão profunda, e só sobreviveu porque escolheu renascer como uma nova versão de si. Esse profissional era o próprio Cristiano Santos.
“Quem morreu foi o Cristiano profissional. O que renasceu a partir dali foi um legado. E esse legado hoje é transformar empresas para que outras pessoas não passem pelo que eu passei.”
Quando o assédio é institucional
A história pessoal de Cristiano serviu como espelho de algo maior: a cultura corporativa que, mesmo sem perceber, alimenta o assédio e ele precisa chegar a estaca zero.
Com metas agressivas, líderes despreparados e RHs que se calam diante do sofrimento, muitas empresas validam o comportamento assediador em nome da performance.
Mas, rafael reforçou: o assédio nem sempre começa com maldade. Então, às vezes, vem de boas intenções mal executadas.
De líderes que só reproduzem o que viveram. De empresas que ignoram as consequências de seus próprios incentivos.
“Todo mundo age com uma intenção positiva para si mesmo. Mas se a intenção vem com um recurso emocional limitado, o resultado pode ser devastador.”
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Assertividade: coragem com respeito
Ao destrinchar os três tipos de postura (agressiva, passiva e assertiva), os palestrantes mostraram por que a comunicação é a ferramenta mais poderosa contra o assédio. Sendo assim, a cultura do medo só se rompe com um modelo novo de diálogo, onde coragem e respeito andam juntos.
Aliás, a assertividade, defendem, é a expressão madura do amor próprio. É dizer o que precisa ser dito sem ferir. É preservar sua dignidade sem violar a do outro.
“Amar ao próximo como a si mesmo não é só filosofia. É um manual de conduta para líderes.”
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Comunicação proposital: a ferramenta para transformar culturas
Para dar suporte prático à transformação, Takei e Santos apresentaram a comunicação proposital, uma metodologia criada por eles para ajudar líderes e liderados a se expressarem com clareza, empatia e intencionalidade.
Com exercícios práticos e lúdicos, como o famoso teste do papel dobrado (que simula os ruídos de comunicação mesmo quando tudo “está escrito”), os participantes vivenciaram na pele como uma fala mal formulada pode gerar resultados opostos aos desejados.
“A comunicação proposital começa com uma pergunta: o que o outro realmente entendeu do que eu disse?”
Entre os principais fundamentos apresentados estão:
- Fazer perguntas abertas para checar entendimento mútuo;
- Aplicar os três filtros socráticos;
- Desenvolver a escuta empática e a escuta ativa;
- Combater crenças enraizadas que legitimam comportamentos abusivos.
Um convite ao protagonismo coletivo
Ao final da palestra, os autores lançaram um convite direto: que cada participante assuma o protagonismo de transformar sua realidade. Seja como líder, liderado ou agente de T&D, todos têm um papel em romper o ciclo do assédio.
Mas isso começa pela comunicação e não qualquer comunicação, mas uma que seja clara, intencional e respeitosa.
“Com as melhores intenções, muitas vezes causamos os piores danos. Está na hora de mudar isso. Está na hora de agir com propósito.”
