Durante sua palestra no CBTD 2025, Marcel Molina provocou os participantes a refletirem sobre um fenômeno comum no mundo dos treinamentos corporativos:
“Quantas vezes você participou de um treinamento em que, apesar de conteúdo relevante e um excelente facilitador, a transformação não aconteceu?”
Segundo ele, essa sensação de insatisfação surge porque, muitas vezes, não trabalhamos com gatilhos inconscientes que são essenciais para engajar os participantes e proporcionar uma experiência significativa e transformadora.
O Limite das Abordagens Tradicionais de T&D
Molina iniciou a discussão destacando as limitações das abordagens tradicionais de treinamento. Além disso, ele mencionou o excesso de conteúdo expositivo e a falta de participação real, o que resulta em uma transferência de conhecimento sem conexão.
Ele também citou a Curva de Esquecimento de Ebbinghaus, que mostra que, após 48 horas, 80% do conteúdo aprendido é esquecido. Isso evidencia o fracasso de modelos convencionais, que não estimulam a retenção ou a aplicação prática do aprendizado.
“O grande desafio das pessoas nas empresas é lidar com gente” afirmou Molina, destacando que 87% do fracasso nas organizações está relacionado a problemas de soft skills e competências comportamentais, como comunicação e colaboração.
O Que São as Estruturas Libertadoras?

Molina apresentou as estruturas libertadoras como soluções para esses problemas. Portanto, elas são métodos de facilitação simples e acessíveis que distribuem o controle da dinâmica do treinamento, permitindo maior participação e engajamento.
Sendo assim, o objetivo dessas estruturas é fomentar a segurança psicológica, engajar ativamente os participantes e promover uma aprendizagem mais profunda.
Entre as técnicas destacadas por Molina, estão:
- 1, 2, 4, Todos: Uma dinâmica em que os participantes começam refletindo sobre um tema, depois conversam em duplas, trocam insights com outras duplas e, finalmente, compartilham suas conclusões com o grupo todo. Isso garante uma participação mais distribuída e uma troca de conhecimentos mais rica.
- Troika Consulting: Consultores discutem formas de resolver problemas específicos entre eles, e, no final, o cliente leva os insights gerados pela conversa. Isso facilita o compartilhamento de ideias e a aplicação prática do aprendizado.
- Aquário: Uma técnica para fomentar a segurança psicológica, onde, em grupos de até 40 pessoas, os participantes se posicionam como observadores enquanto uma dupla discute um tema. Isso garante que a troca de ideias ocorra em um ambiente seguro, sem julgamentos.
Os 5 Elementos Essenciais das Estruturas Libertadoras
Molina explicou que as estruturas libertadoras não se limitam a técnicas, mas envolvem posturas e preparação cuidadosa para garantir o sucesso da dinâmica. Ele destacou cinco elementos essenciais para garantir a eficácia dessas estruturas:
- Convite – Maieutica: Um processo de troca de conhecimento baseado em perguntas. Além disso, o papel do facilitador, no caso de T&D, é ser provocador, incentivando os participantes a refletirem e a chegarem às suas próprias conclusões sobre os temas discutidos.
- Espaço e Materiais: O ambiente físico e os detalhes, como o que será servido no coffeebreak, são fundamentais para garantir uma boa impressão e concentração dos participantes.
- Distribuição das Participações: Garantir que todos os participantes se envolvam igualmente, quebrando as panelinhas e promovendo uma participação democrática.
- Configuração de Grupo: Criar dinâmicas que envolvam trocas constantes e gerem movimentação contínua dentro do grupo. Ou seja, isso é essencial para manter o engajamento e promover a interação.
- Sequência de Passos e Tempo: Planejamento e preparo intencional são cruciais. Portanto, as pessoas percebem quando o facilitador não está bem preparado, e isso pode impactar diretamente nos resultados e no engajamento do treinamento.
Resultados das Estruturas Libertadoras
Além disso, Molina foi claro ao afirmar que as estruturas libertadoras geram resultados concretos e sustentáveis, tanto para os participantes quanto para as empresas:
- Aumento do Senso de Pertencimento: As pessoas se sentem mais empoderadas e valorizadas quando têm voz ativa nas dinâmicas.
- Ações Sustentadas Pós-Treinamento: Os participantes se sentem motivados a aplicar o que aprenderam e pedem mais treinamentos.
- Times Mais Seguros: O fortalecimento da segurança psicológica aumenta a confiança nas equipes.
- Engajamento Real: O engajamento dos participantes é genuíno e não forçado.
- Mais Retenção de Aprendizado: Os participantes retêm melhor o conteúdo, pois estão ativamente envolvidos no processo de aprendizagem.
- Cultura de Segurança Psicológica: Criar um ambiente onde os erros podem ser discutidos e aprendidos é essencial para uma cultura organizacional saudável.
- Resultados Financeiros: O impacto no desempenho financeiro das empresas vem como consequência de uma cultura organizacional mais engajada e colaborativa.
O Papel das Interações em T&D
Marcel Molina concluiu sua palestra com um insight fundamental para os profissionais de T&D: “T&D vai além do design de conteúdo; você precisa focar nas interações. Isso é o que gera transformação.”
Então, as estruturas libertadoras, com seu foco na conexão humana e na participação ativa, são a chave para garantir que os treinamentos não apenas entreguem conteúdo, mas também resultem em mudanças reais e duradouras no comportamento e na cultura das equipes.
As estruturas silenciosas podem gerar uma conexão genuína entre os participantes, o que faz toda a diferença na experiência de aprendizagem.